O que é hipospádia?
A hipospádia é uma malformação congênita do pênis que ocorre quando a uretra (canal da urina) não se abre na ponta da glande, mas em uma posição mais baixa.
Pode variar em gravidade, desde um orifício próximo à ponta até casos em que a abertura está no meio ou na base do pênis.
Além da posição anômala da uretra, podem estar presentes:
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Curvatura peniana (chordee), que pode dificultar futuras relações sexuais;
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Prepúcio incompleto (parece uma “capinha” apenas na parte de cima do pênis).
A hipospádia não é rara, ocorrendo em aproximadamente 1 a cada 200 meninos.
Indicação de cirurgia
A cirurgia é o único tratamento definitivo e deve ser realizada, de preferência, entre 6 e 18 meses de idade.
Os objetivos são:
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Corrigir a posição da uretra;
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Garantir um jato urinário direcionado;
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Corrigir a curvatura peniana;
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Melhorar a estética e a função sexual futura.
Tipos de cirurgia
Existem várias técnicas, escolhidas de acordo com a gravidade e o tipo de hipospádia. As principais incluem:
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Tubularização do uretral plate (Snodgrass ou TIP) – usada em casos mais leves, quando a abertura está próxima da ponta do pênis.
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Onlay flap – aproveita tecido do prepúcio para reconstruir a uretra.
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Retalho prepucial ou enxerto (Duckett, Byars, Bracka) – indicado em casos mais complexos.
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Correção em dois tempos – em hipospádias graves ou quando já houve cirurgias anteriores sem sucesso.
O tempo de cirurgia varia de 1 a 3 horas, geralmente com anestesia geral associada a bloqueio regional para controle da dor.
Cuidados no pós-operatório
O pós-operatório é fundamental para o sucesso da cirurgia. O paciente pode ter alta no mesmo dia ou no dia seguinte.
1. Cateter (sonda vesical)
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É colocado um cateter fino para que a urina não passe pela região operada durante a cicatrização.
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O cateter pode permanecer de 7 a 14 dias, dependendo da técnica.
2. Curativo
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Geralmente é feito um curativo compressivo em volta do pênis, que deve ser trocado apenas pela equipe médica nos primeiros dias.
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Após a retirada, os pais devem manter higiene com água e sabão neutro.
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Pomadas cicatrizantes ou antibióticas podem ser indicadas pelo urologista.
3. Medicamentos
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Antibióticos (para prevenir infecção urinária ou no local operado);
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Analgésicos e anti-inflamatórios para controlar dor e inchaço.
4. Atividades
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Evitar traumas locais (andar de bicicleta, brincadeiras bruscas) por cerca de 1 mês;
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Retorno gradual às atividades normais conforme orientação médica.
Riscos e complicações possíveis
Apesar do grande avanço das técnicas cirúrgicas, como em qualquer cirurgia, podem ocorrer complicações. As mais comuns são:
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Fístula urinária: saída de urina por um pequeno orifício ao lado da nova uretra;
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Estenose (estreitamento) da uretra reconstruída;
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Persistência de curvatura peniana;
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Deiscência (abertura) parcial da sutura;
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Infecção ou inflamação local.
A taxa de complicações pode variar de 10 a 20%, dependendo da gravidade da hipospádia e do número de cirurgias prévias.
Recidiva – quando a cirurgia precisa ser refeita
Em alguns casos, pode ser necessária uma nova cirurgia para corrigir complicações ou melhorar o resultado funcional e estético.
A recidiva é mais comum em:
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Hipospádias graves (abertura muito baixa da uretra);
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Pacientes que já passaram por múltiplas cirurgias;
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Crianças que tiveram infecção no pós-operatório.
Prognóstico
Quando a correção é bem-sucedida, a criança terá:
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Função urinária normal;
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Pênis reto e esteticamente satisfatório;
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Vida sexual futura preservada.
O acompanhamento com o urologista pediátrico até a adolescência é fundamental para garantir bons resultados.
A hipospádia é uma condição corrigível, mas exige diagnóstico precoce, planejamento cirúrgico individualizado e acompanhamento especializado.
Na Urologia Integrada, contamos com equipe experiente em uropediatria para oferecer o tratamento mais seguro e moderno, com foco na recuperação funcional e qualidade de vida.
Conteúdo de caráter informativo, não substitui uma consulta médica.