Pós-Operatório da Prostatectomia Convencional e Radical
A prostatectomia, seja convencional ou radical, é uma cirurgia realizada para o tratamento do câncer de próstata ou condições graves que afetam a glândula. O período pós-operatório exige cuidados específicos para uma recuperação segura e eficaz. Abaixo, estão os principais aspectos do pós-operatório, com destaque para curativos, tempo de uso da sonda vesical e possíveis complicações.
1. Curativo e Cuidados com a Ferida Cirúrgica
- O curativo deve ser mantido limpo e seco, trocado conforme a recomendação médica, geralmente uma vez ao dia ou sempre que estiver úmido ou sujo.
- Lave a área ao redor da incisão com água e sabão neutro, secando cuidadosamente com uma toalha limpa ou gaze.
- Evite aplicar pomadas ou substâncias não recomendadas pelo médico.
- O fechamento da incisão pode ser feito com grampos ou pontos, que são retirados entre 7 e 14 dias após a cirurgia.
- Sinais de alerta: vermelhidão excessiva, secreção com mau cheiro, dor intensa ou febre podem indicar infecção.
2. Tempo de Uso da Sonda Vesical
- Após a prostatectomia, o paciente sairá do hospital com uma sonda vesical (Foley) para permitir a drenagem da urina enquanto a bexiga e a uretra cicatrizam.
- O tempo de uso da sonda varia entre 7 e 14 dias, dependendo da técnica cirúrgica e da recuperação do paciente.
- Cuidados com a sonda:
- Manter sempre abaixo do nível da bexiga para evitar refluxo urinário.
- Lavar a região do meato urinário com soro fisiológico ou água morna diariamente.
- Evitar tracionar a sonda ou dobrá-la.
3. Risco de Incontinência Urinária
- A incontinência urinária pode ocorrer devido à manipulação da uretra e esfíncter urinário durante a cirurgia.
- Tipos de incontinência:
- Leve e transitória (mais comum): melhora progressivamente nos primeiros meses com fisioterapia do assoalho pélvico.
- Persistente: alguns casos podem necessitar de tratamentos como reabilitação muscular ou implante de esfíncter urinário artificial.
- Dicas para recuperação:
- Exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico podem ser recomendados para acelerar a recuperação do controle urinário.
- Evitar cafeína, álcool e líquidos em excesso antes de dormir.
- Usar fraldas ou absorventes urinários nos primeiros dias, se necessário.
4. Disfunção Erétil e Impacto na Função Sexual
- A função erétil pode ser afetada, principalmente se houver necessidade de ressecção dos nervos responsáveis pela ereção.
- Fatores que influenciam a recuperação:
- Técnica cirúrgica utilizada (preservação dos nervos cavernosos).
- Idade do paciente e saúde vascular prévia.
- Uso de medicamentos para ereção (ex.: sildenafil, tadalafil) pode ser indicado para reabilitação peniana.
- Terapias como injeções intracavernosas e dispositivos de vácuo podem auxiliar na recuperação da função erétil.
5. Outras Possíveis Complicações
- Estreitamento da uretra ou da anastomose vesicouretral: pode levar à dificuldade para urinar e exigir dilatações ou novas intervenções.
- Linfoceles (acúmulo de líquido linfático): podem ocorrer em cirurgias com linfadenectomia e geralmente reabsorvem espontaneamente, mas podem precisar de drenagem.
- Trombose venosa profunda (TVP): devido ao tempo prolongado de imobilização, podendo ser evitada com o uso de meias de compressão e movimentação precoce.
- Infecção urinária: o uso da sonda pode facilitar infecções, sendo fundamental a higiene adequada e acompanhamento médico.
6. Retorno às Atividades e Cuidados Gerais
- Deambulação precoce: andar algumas vezes ao dia para evitar tromboses e acelerar a recuperação.
- Esforços físicos: evitar carregar peso ou dirigir por 4 a 6 semanas.
- Atividade sexual: pode ser retomada conforme a recuperação e sob orientação médica, geralmente após 6 a 8 semanas.
- Acompanhamento médico: consultas regulares para monitorar a recuperação, exames de PSA e acompanhamento urológico contínuo.
Conclusão
O pós-operatório da prostatectomia exige atenção e cuidados específicos para garantir uma boa recuperação. O tempo de uso da sonda, a cicatrização da incisão, o risco de incontinência urinária e disfunção erétil são pontos centrais no acompanhamento do paciente. Seguir corretamente as recomendações médicas e manter um acompanhamento regular são essenciais para evitar complicações e melhorar a qualidade de vida após a cirurgia.