O tumor de ureter é uma neoplasia rara do trato urinário superior, mais frequentemente um carcinoma urotelial. Ele acomete o ureter — canal que conecta o rim à bexiga — e representa aproximadamente 25% dos tumores do trato urinário superior (TTUS), sendo menos comum que os tumores de pelve renal e muito menos frequente que o câncer de bexiga.
Sinais e sintomas
A apresentação clínica mais comum é:
-
Hematúria (sangue na urina) – presente em até 80% dos casos.
-
Dor lombar – pode indicar obstrução urinária.
-
Infecção urinária recorrente – em alguns casos, como manifestação secundária.
-
Perda de peso, massa abdominal ou sintomas sistêmicos – em fases avançadas.
Esses sintomas requerem investigação por urologista, já que muitas vezes se sobrepõem aos de litíase urinária ou infecção.
Diagnóstico
O diagnóstico envolve uma combinação de exames de imagem e avaliação endoscópica:
-
Urotomografia computadorizada com contraste (uro-TC) é o padrão ouro para avaliação inicial e estadiamento local do TTUS.
-
Ureteroscopia com biópsia permite confirmação histológica e é essencial na avaliação de tumores pequenos ou suspeitos.
-
Citologia urinária pode ser útil, mas tem baixa sensibilidade para tumores de alto trato.
-
Em casos selecionados, ressonância magnética pode ser utilizada, especialmente em pacientes com contraindicação ao contraste iodado.
📚 Referência: EAU Guidelines on Upper Tract Urothelial Carcinoma 2024; AUA Guideline 2023.
Fonte: imagem real da equipe própria.
Classificação e estadiamento
O estadiamento segue o sistema TNM (Tumor, Nódulo, Metástase) da AJCC:
-
T1: invasão da lâmina própria
-
T2-T3: invasão da muscular e tecido periureteral
-
T4: invasão de órgãos adjacentes
O grau histológico (baixo ou alto grau), segundo critérios da OMS/ISUP, tem importante impacto prognóstico e orienta a conduta terapêutica.
📚 Referência: WHO Classification of Tumours of the Urinary System and Male Genital Organs, 5ª ed., 2022.
Tratamento
A escolha terapêutica depende do risco do tumor (baixo x alto), do grau histológico, localização e da função renal:
-
Nefroureterectomia radical com ressecção do óstio vesical é o tratamento padrão para tumores de alto risco ou invasivos.
-
Cirurgia conservadora (segmentar ou endoscópica) pode ser indicada para pacientes com tumores unifocais de baixo grau, rins únicos, comorbidades significativas ou função renal limitada.
-
Quimioterapia adjuvante baseada em platina é recomendada em casos com invasão muscular confirmada.
-
Imunoterapia está sendo avaliada como estratégia adjuvante ou neoadjuvante em protocolos clínicos recentes.
-
Seguimento rigoroso com cistoscopia, citologia e exames de imagem seriados é essencial devido ao risco de recidiva ou novos tumores em outros pontos do urotélio.
Fonte: imagem real da equipe própria.
🩺 Por que é necessário retirar um pedaço da bexiga no tratamento do tumor de ureter?
O tumor de ureter é um tipo de câncer que cresce dentro do canal que leva a urina do rim até a bexiga. Como o revestimento interno do ureter é o mesmo da bexiga e da pelve renal (o urotélio), existe a chance de que as células doentes se espalhem por continuidade até a região onde o ureter desemboca na bexiga.
Por isso, quando o tratamento indicado é a retirada do rim junto com o ureter (nefroureterectomia), também é necessário retirar o trecho final do ureter junto com um pequeno pedaço da bexiga, chamado de óstio vesical. Esse cuidado reduz bastante o risco de o tumor voltar nesse ponto de ligação.
📚 Referências:
-
Rouprêt M, Babjuk M, Burger M et al. EAU Guidelines on Upper Urinary Tract Urothelial Carcinoma 2024.
-
Seisen T et al. Updated AUA Guidelines on the Management of Upper Tract Urothelial Carcinoma, J Urol 2023.
-
Foerster B et al. Contemporary management of upper tract urothelial carcinoma, Nat Rev Urol. 2022;19(9):547-561.